sexta-feira, 22 de abril de 2011

Tratado Sobre o Fim - Parte V

Foi assim com a livraria, com a biblioteca municipal e escolar, com a editora, com o jornal. Acho que vou ter de mudar de ramo.

Já passaram uns meses desde que o meu avô morreu e ainda acordo de noite a pensar que tenho de me despachar para não chegar tarde à visita, para ele não estar tanto tempo sozinho. Já estou a lavar os dentes e só quando olho bem no espelho é que reparo que já passaram alguns meses e que, por isso, não tenho de me despachar. Às vezes, quando saio de casa para ir comprar qualquer coisa, se me meter no carro, dou por mim a seguir o mesmo caminho que seguia para o lar. Já lá fui dar três vezes sem saber como.

Ontem encontrei um conhecido do liceu, nunca foi muito meu amigo, no sentido de nunca nos termos dado de uma forma muito próxima, mas tínhamos amigos em comum. Falou-me do meu colega de carteira e de como as coisas corriam bem no seu emprego de arquitecto. 

Fiquei cheio de vontade de lhe falar, reviver aquelas histórias de miúdos, de como costumávamos apalpar as meninas ou de como atirávamos pastilhas elásticas aos carros dos professores. O conhecido deu-me o número do meu companheiro de carteira. Fiquei feliz por saber que ele se dava bem no emprego. Casou e teve filhos. 

Liguei-lhe. Atendeu-me o que me pareceu ser uma empregada, dizendo-me que o casal não estava, estavam a gozar as primeiras férias com as meninas. Que bom, meninas. O meu companheiro de carteira tem duas meninas. Se tiverem os olhos do pai, são duas meninas de olhos azuis, que bom.

4 comentários:

  1. Acho que alguém te devia avisar que o que tu estás a fazer é escrever um conto e que é material editável.

    ResponderEliminar
  2. Não me faças dizer palavrões, sabes que não gosto.

    ResponderEliminar
  3. vai dizer palavrões para o caralho do teu blog, ok? fodace

    ResponderEliminar

Viva. Está prestes a deixar o seu comentário em o Indieotta. Pense duas vezes antes de o fazer. Obrigado