sábado, 11 de dezembro de 2010

Estudo 1 - Ana Paula

Querida Ana Paula,

Eu não te conheço bem, mas gostava. Há qualquer coisa em ti que me diz que podíamos ser bons amigos. Mas tu és tão mais interessante e senhora de ti do que eu, pobre coitado, que ainda anda a aprender a pronunciar certas palavras, como: “quero” ou “sim”.

Tu assustas-me, Ana Paula. Tens aquele jeito e aquele brilho – que se nota à distância – capazes de dizer mais com um sorriso do que eu em cinco minutos de monólogo. Metes-me medo, Ana Paula, mas fascinas-me. Sinto que precisava de te conhecer melhor. Talvez fosses capaz de me fazer esquecer.

A desilusão, minha querida, é algo que já provei em demasia. A vida não teve contemplações para comigo nesse aspecto; não me avisou, com relativa antecedência, do amargo que causa a desilusão. Não me disse: “olha, para o ano, para o mês que vem, amanhã… vais ver como elas mordem”. Elas ou ela. E eu olho para ti, Ana Paula, e para o que decidiste partilhar com o mundo, e penso: será que também já provaste desse amargo, Ana Paula?

Eu acho, Ana Paula, que, se sabes do que falo, se já provaste esse amargo, então… és capaz de me compreender. Eu tenho medo, minha querida. Medo de ouvir outra vez uma daquelas frases que marcam um tempo, uma hora, um lugar… das que são ditas a medo, para não doer tanto, mas com a consciência do mal que farão. Frases como: “tu és como um irmão para mim” ou “tu és o meu melhor amigo para sempre!” E sabes tão bem (quanto eu) que para sempre é muito tempo.

A minha ideia é a seguinte: se sabes tudo isto, se sabes como dói, não vais querer que doa nos outros, pelo menos não em mim. E se assim for, Ana Paula, então vales a pena (como eu valho a pena).

Eu não te conheço bem, já o disse. Acho mesmo que não conheço mais do que a tua imagem, o teu sorriso ou as características mais imediatas da tua pessoa. Mas deixa-me dizer-te que és fascinante. Uma mulher como tu não se interessaria por alguém como eu – é o que sinceramente acho.

É por tudo isto, Ana Paula, que gostava de te conhecer melhor. Tenho para mim que valho a pena, mesmo para uma mulher como tu. Repara: não tenho feitio para o auto-elogio, sou até bastante auto-destrutivo, mas acho que valho a pena. Mas é melhor perguntares àqueles que me rodeiam o que acham de mim. Aviso já: fá-lo com parcimónia. A maioria deles possui olhos tão generosos quanto os seus corações; tendenciosos olhos costumo dizer.

Para terminar, minha querida Ana Paula, queria dizer-te tão simplesmente que gostaria de te rever.

Do sempre teu,

Indieotta

1 comentário:

Viva. Está prestes a deixar o seu comentário em o Indieotta. Pense duas vezes antes de o fazer. Obrigado