terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Morangos Com Acetona

Ele sentou-me à sua frente.

Agitava compulsivamente a colher na chávena do café (que já havia tomado) e fitava incessantemente a mesa.

Não tinha qualquer expressão na face.

E eu, como sempre faço, levei as minhas mãos à sua cara e, antes de lhe acariciar o rosto, obriguei-o a olhar-me nos olhos.

Ele, que não é dado à espontaneidade, provando o seu doce sabor, disse-me, fechando os olhos, com vergonha:

Acho que precisamos de um tempo.

Eu, que não sou dado à surpresa, sentindo a sua dureza, disse-lhe, desviando o olhar da sua presença:

Acho que devias ir para a puta que te pariu.

Até hoje.

Agradeço-te a franqueza, filho da puta.

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