Eu sei que é absurdo, mas foi a vida que nos fez chegar até aqui. Quem me dera poder voltar aos tempos em que compreendia o que dizias, em que a tua voz era mais do que uma repetição de ecos, em que tu cantavas e eu adormecia com a cabeça pousada nos teus braços.
Sinto falta disso, desse calor, desse estado de completude (que sei, embora disfarce sentindo apenas temor, nunca mais ser possível voltar a sentir).
Agora tu falas e eu já não te oiço, não obstante sentir o som a sair da tua boca, sentir essa aragem que já não me diz absolutamente nada.
Eu sei que continuas a viver para (por) mim, mas isso agora já não faz qualquer sentido, porque, se algum dia o fez, nós o estragámos com as nossas intransigências e com as nossas piedosas e incoerentes súplicas por carinho.
No fundo, o que eu te queria dizer era: quero voltar para o teu ventre, mamã.
Got you.
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