Dá-se bem com dissimulações porque toda a sua vida foi um grande fachada.
Sente como se a sua existência tivesse como pano de fundo, sempre no fundo, calada mas presente, essa mentira constante e amarga, criada exactamente por aqueles que, em abstracto, mais o deveriam defender do que mais feio há neste mundo.
E é por isso que ele não tem referências, não admira alguém ao ponto de querer ser como essa pessoa.
Correcção: ele tem à sua frente aquilo no qual não se quer tornar e isso é uma referência (negativa?).
Nem seu avô, cuja honestidade e seriedade inveja, admira, porque sabe que o contexto no qual surgiram essas qualidades era o de submissão e resignação - totalmente justificado (ou, melhor, contextualizado) com recurso à simples expressão "outros tempos".
E vai assim vivendo, sem referências, construindo-se ao sabor daquilo que, à vista, acha justo e injusto, correcto e incorrecto.
Nessa medida, nunca foi - e certamente nunca o será - uma pessoa normal.
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